sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Abrir-se ao diverso


A cultura é uma realidade eminentemente humana e, por isso, caracterizante do ser homem. Ela diz respeito sobretudo à sua maneira de ser, estar e fazer no mundo. É um dos elementos fundamentais para a sua compreensão e, ao mesmo tempo, é a forma na qual ele existe e estabelece relações com o mundo e as pessoas que estão ao seu redor.

A diversidade cultural reflete a grandeza do homem que compreende e interage de diversas formas com a realidade que o circunda. Trata-se de uma riqueza de inestimável valor que exprime quão grande é o engenho humano em produzir maneiras diversas de pensar, agir e realizar as mesmas coisas de modos bem variados.

Ter a possibilidade de confrontar-se com diversas culturas é uma oportunidade ímpar, pois nos é dada a ocasião de novas descobertas a partir de sensibilidades e modos de compreensão diferentes. O mundo é muito vasto e rico, a realidade é maior do que pensamos, de tal sorte que não podemos achar que a nossa forma abarque o todo ou se constitua na melhor maneira de captar a realidade. Esta sempre estará para além das nossas percepções.

A atitude de isolamento ou de etnocentrismo são obstáculos para a contemplação da beleza do grande mosaico que constitui a realidade humana. Cada cultura é rica de valores, ideias, pensamentos, modos de agir. Colocar-se humildemente diante da cultura do outro como aprendiz e não de forma superior, é uma oportunidade de enriquecimento que se abre.

Isto não significa que não possamos ser críticos em relação à cultura que mantemos contato, mas que essa atitude não se constitui na primeira forma de interagirmos com o diverso. O comportamento autossuficiente é uma obstrução para o enriquecimento intercultural.

Podemos ir muito longe quando nos permitimos abrir e conhecer o diferente. Manter-se em contato com ele. Recordo o meu professor de ética teológica fundamental que nos convidava, em Roma, a aproveitar da diversidade de culturas ali presentes através dos estudantes provenientes de diversas nacionalidades.

Mas esta relação intercultural não diz somente respeito a pessoas de nacionalidades diversas ou até mesmo de regiões diferentes, como no caso do nosso país, que tem dimensões continentais, mas sobretudo no que tange a cada pessoa. Cada ser humano é um mundo rico de possibilidades. O Senhor nos fez assim: ricos e nos convidou a fecundar toda essa riqueza: sede fecundos, ouvimos no livro do Gênesis.

Abrir-se ao outro, reconhecendo que traz dentro de si uma riqueza, como um tesouro escondido, é fonte de crescimento. Supõe o desapegar-se da mentalidade científico-técnica que só reconhece valor no conhecimento acadêmico. O mundo não está melhor por falta de academias. Na verdade, por detrás de algumas catástrofes elas estão por trás. Diga-se, a mó de exemplo, a bomba atômica há setenta anos jogada nas cidades de Nagasaki e Hiroshima.

Sentados à mesa de um bar, ao redor da mesa de casa, no ponto de ônibus, dando espaço à criança, ao adolescente e ao jovem, ao adulto e ao idoso, à doméstica e ao funcionário, ao de longe ou ao de perto, podemos com todo esse saber humanístico, melhorar o que achamos que muito sabemos nos bancos das escolas e das universidades.


Pe. Pedro Moraes Brito Júnior

1 comentários :

Posso perceber que esta cultura não acabará,as pessoas estão em raizes soterradas em preconceitos.paz e bem.

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