A cultura é uma realidade
eminentemente humana e, por isso, caracterizante do ser homem. Ela diz respeito
sobretudo à sua maneira de ser, estar e fazer no mundo. É um dos elementos
fundamentais para a sua compreensão e, ao mesmo tempo, é a forma na qual ele
existe e estabelece relações com o mundo e as pessoas que estão ao seu redor.
A diversidade cultural reflete a
grandeza do homem que compreende e interage de diversas formas com a realidade
que o circunda. Trata-se de uma riqueza de inestimável valor que exprime quão
grande é o engenho humano em produzir maneiras diversas de pensar, agir e
realizar as mesmas coisas de modos bem variados.
Ter a possibilidade de
confrontar-se com diversas culturas é uma oportunidade ímpar, pois nos é dada a
ocasião de novas descobertas a partir de sensibilidades e modos de compreensão
diferentes. O mundo é muito vasto e rico, a realidade é maior do que pensamos,
de tal sorte que não podemos achar que a nossa forma abarque o todo ou se
constitua na melhor maneira de captar a realidade. Esta sempre estará para além
das nossas percepções.
A atitude de isolamento ou de
etnocentrismo são obstáculos para a contemplação da beleza do grande mosaico
que constitui a realidade humana. Cada cultura é rica de valores, ideias,
pensamentos, modos de agir. Colocar-se humildemente diante da cultura do outro
como aprendiz e não de forma superior, é uma oportunidade de enriquecimento que
se abre.
Isto não significa que não
possamos ser críticos em relação à cultura que mantemos contato, mas que essa
atitude não se constitui na primeira forma de interagirmos com o diverso. O
comportamento autossuficiente é uma obstrução para o enriquecimento
intercultural.
Podemos ir muito longe quando nos
permitimos abrir e conhecer o diferente. Manter-se em contato com ele. Recordo
o meu professor de ética teológica fundamental que nos convidava, em Roma, a
aproveitar da diversidade de culturas ali presentes através dos estudantes
provenientes de diversas nacionalidades.
Mas esta relação intercultural
não diz somente respeito a pessoas de nacionalidades diversas ou até mesmo de
regiões diferentes, como no caso do nosso país, que tem dimensões continentais,
mas sobretudo no que tange a cada pessoa. Cada ser humano é um mundo rico de
possibilidades. O Senhor nos fez assim: ricos e nos convidou a fecundar toda
essa riqueza: sede fecundos, ouvimos no livro do Gênesis.
Abrir-se ao outro, reconhecendo
que traz dentro de si uma riqueza, como um tesouro escondido, é fonte de
crescimento. Supõe o desapegar-se da mentalidade científico-técnica que só
reconhece valor no conhecimento acadêmico. O mundo não está melhor por falta de
academias. Na verdade, por detrás de algumas catástrofes elas estão por trás.
Diga-se, a mó de exemplo, a bomba atômica há setenta anos jogada nas cidades de
Nagasaki e Hiroshima.
Sentados à mesa de um bar, ao
redor da mesa de casa, no ponto de ônibus, dando espaço à criança, ao
adolescente e ao jovem, ao adulto e ao idoso, à doméstica e ao funcionário, ao
de longe ou ao de perto, podemos com todo esse saber humanístico, melhorar o
que achamos que muito sabemos nos bancos das escolas e das universidades.
1 comentários :
Posso perceber que esta cultura não acabará,as pessoas estão em raizes soterradas em preconceitos.paz e bem.
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