sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A corresponsabilidade



Cada um por si e Deus por todos! Este é o lema que impera na sociedade atual marcada por um individualismo cada vez crescente. Tal realidade pode-se experimentar, mormente, nos grandes centros urbanos nos quais nos tornamos números nas grandes aglomerações de pessoas. Aqui não sabem quem somos, de quem somos filhos, a rua onde moramos como acontece nas cidades pequenas do interior.

Nas cidades grandes, pode-se vivenciar o que chamaria de “solidão paradoxal”. Trata-se da solidão que se experimenta mesmo estando rodeado de pessoas. Sem dúvida, é muito triste encontrar-se diante de olhos que não nos fitam, de ouvidos que se fazem surdos à nossa voz e de bocas que permanecem fechadas, incapazes até de emitir uma simples saudação como um bom dia ou boa noite!

É preciso ser contra cultural, não deixando que essa forma de viver, encontre expressão no nosso modo de ser, existir e fazer.  Não podemos dizer como Caim, ao ser perguntado por Deus pelo seu irmão Abel: “Não sei. Acaso sou guarda de meu irmão? Esse modo de vida contradiz o valor da fraternidade proposta por Jesus.

Em Cristo entendemos que somos mais do que seres da mesma espécie. N’Ele nos tornamos filhos adotivos de Deus nosso Pai e, por conseguinte, irmãos. A consciência dessa realidade não nos pode fazer indiferentes aos outros e as suas situações. Somos, por isso, responsáveis uns pelos outros enquanto membros da grande família humana irmanada pelos laços da fé.

O próprio Cristo fez-se nosso irmão tornando-se um conosco ao sumir a nossa natureza no seio virginal de Maria. Ele é o irmão maior para quem orientamos o nosso viver. Mas esse Irmão maior fez-se irmão menor ao se identificar com todos aqueles que se encontram em situações desumanas; “tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber” (Mt 25,35).

Jesus na sua atividade evangelizadora sempre buscou promover a pessoa humana, procurando resgatá-la das situações que as desmereciam. Enviou os apóstolos em missão para serem também promotores do evangelho da vida que busca plenificar integralmente a pessoa.

A consciência de tudo isso deve nos inquietar, fazendo-nos sair do comodismo proveniente de uma mentalidade não cristã que entende a salvação como um ato individual, desligado das relações com os outros. Somos também responsáveis, “guardas” da salvação do outro. Este, na verdade, será sempre a via ordinária para chegar até Deus. Não é possível uma vivência autêntica da fé cristã a mercê dos irmãos.

Por conseguinte, o que somos, o que temos e o que fazemos deve ser perpassado por essa ética da alteridade, que nos faz entender que o nosso viver não pode ser desconectado dos outros. Estes não são um detalhe na nossa existência. A relação com eles e o bem que lhe fazemos é a verdadeira expressão de que somos plenamente humanos e cristãos.


Pe. Pedro Moraes Brito Júnior

1 comentários :

Quando ha alguns anos atrás gui lecionar em uma escola de destrito,percebi exatamente isso.todas as pessoas se conheciam e se chamavam pelo nome.E todos os professores sabiam o nome de seus alunos ,diferente da cidade onde somos número.o tempo passou meus filhos estão adultos,e tb muitas vezes eu não sei onde eles estão,porque eles não dizem onde estão . que Deus nos conceda esta conexão. Importante.

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