Para as embarcações, os
faróis são um instrumento muito importante, sobretudo nos tempos que o
desenvolvimento da tecnologia não conhecia os avanços que temos hoje. Eles são
indicadores da rota que o navio deve trilhar para atracar no porto e não
encalhar. Como as setas nas rodovias, eles são a grande indicação por onde se
deve navegar para chegar a bom termo.
Findamos as festas
juninas e, em meio a elas, celebramos grandes personalidades da nossa vida
cristã: Santo Antonio, São João, São Pedro e São Paulo. Os três últimos santos
ganham um destaque especial por serem figuras relacionadas muito intimamente
com vida da nossa fé, pois estão no alvorecer dela. Na verdade, os mais
festejados são: São João Batista, cujo nascimento é celebrado e, São Pedro de
quem celebramos o martírio.
Pela beleza de suas
vidas e missões, eles se constituem para nós em verdadeiros faróis que nos
indicam o caminho a trilhar. Estimulam-nos a um viver mais intenso e
comprometido com a fé. Geram em nós desejos mais altos e sublimes, sobretudo
num momento histórico em que há uma carência de referenciais em todas as
instâncias da sociedade.
Gostaria, contudo, de
fazer um destaque à luz de uma experiência. Celebrando a Eucaristia na
solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo, na Igreja de Santo Antonio dos Capuchinhos,
fui tomado de grande comoção interior. Ao tempo em que refletia para a
comunidade sobre as duas colunas da Igreja, sentia toda a beleza de dois
corações apaixonados por Cristo.
Sim, na diversidade de
personalidade e cultura, Pedro e Paulo foram dois homens que se deram de todo
ao Senhor. Pedro, um humilde pescador, que encontra Jesus às margens do mar da
Galileia e é convidado a ser pescador de homens; Paulo, também de origem
judaica, pertencente ao grupo dos fariseus, muito letrado, de dupla nacionalidade,
recebe na estrada de Jerusalém para Damasco o convite para ser apóstolo.
Quando refletia e
pensava na vida de ambos naquele dia, senti estupefação e compunção.
Maravilhava-me a profundidade e a beleza do amor desses dois homens para com
Cristo Jesus. Pedro, no seu modo simples e impulsivo; Paulo na forma douta e
criativa. Ambos dedicados a causa de Cristo, submetendo-se às mais diversas
dificuldades para fazê-Lo conhecido e amado. Como não se maravilhar com a
expressão de Pedro: Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que Te amo! E a de Paulo,
dentre outras: Viver para mim é Cristo!
Ambos nos convidam a
ter uma fé que passe pelo coração. Crer com os afetos. Diria, utilizando um
termo grego: crer com pathos. Crer
com paixão, com talante, com energia, com a totalidade do ser. Foi isso que os
levou a fazer dom de si mesmos a Cristo, através do martírio, dando-nos um
testemunho inquestionável a respeito do Senhor.
A compunção gerada em
mim, foi a de sentir que preciso percorrer uma longa estrada para confessar com
as palavras e a vida e com pathos
quem é Cristo para mim. Voltei para casa com o desejo e a vontade de amar mais.
Foi o que Pedro e Paulo suscitaram no meu coração.
Pedro Moraes Brito Júnior
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