terça-feira, 30 de junho de 2015

Crer com pathos

Para as embarcações, os faróis são um instrumento muito importante, sobretudo nos tempos que o desenvolvimento da tecnologia não conhecia os avanços que temos hoje. Eles são indicadores da rota que o navio deve trilhar para atracar no porto e não encalhar. Como as setas nas rodovias, eles são a grande indicação por onde se deve navegar para chegar a bom termo.

Findamos as festas juninas e, em meio a elas, celebramos grandes personalidades da nossa vida cristã: Santo Antonio, São João, São Pedro e São Paulo. Os três últimos santos ganham um destaque especial por serem figuras relacionadas muito intimamente com vida da nossa fé, pois estão no alvorecer dela. Na verdade, os mais festejados são: São João Batista, cujo nascimento é celebrado e, São Pedro de quem celebramos o martírio.

Pela beleza de suas vidas e missões, eles se constituem para nós em verdadeiros faróis que nos indicam o caminho a trilhar. Estimulam-nos a um viver mais intenso e comprometido com a fé. Geram em nós desejos mais altos e sublimes, sobretudo num momento histórico em que há uma carência de referenciais em todas as instâncias da sociedade.

Gostaria, contudo, de fazer um destaque à luz de uma experiência. Celebrando a Eucaristia na solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo, na Igreja de Santo Antonio dos Capuchinhos, fui tomado de grande comoção interior. Ao tempo em que refletia para a comunidade sobre as duas colunas da Igreja, sentia toda a beleza de dois corações apaixonados por Cristo.

Sim, na diversidade de personalidade e cultura, Pedro e Paulo foram dois homens que se deram de todo ao Senhor. Pedro, um humilde pescador, que encontra Jesus às margens do mar da Galileia e é convidado a ser pescador de homens; Paulo, também de origem judaica, pertencente ao grupo dos fariseus, muito letrado, de dupla nacionalidade, recebe na estrada de Jerusalém para Damasco o convite para ser apóstolo.

Quando refletia e pensava na vida de ambos naquele dia, senti estupefação e compunção. Maravilhava-me a profundidade e a beleza do amor desses dois homens para com Cristo Jesus. Pedro, no seu modo simples e impulsivo; Paulo na forma douta e criativa. Ambos dedicados a causa de Cristo, submetendo-se às mais diversas dificuldades para fazê-Lo conhecido e amado. Como não se maravilhar com a expressão de Pedro: Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que Te amo! E a de Paulo, dentre outras: Viver para mim é Cristo!

Ambos nos convidam a ter uma fé que passe pelo coração. Crer com os afetos. Diria, utilizando um termo grego: crer com pathos. Crer com paixão, com talante, com energia, com a totalidade do ser. Foi isso que os levou a fazer dom de si mesmos a Cristo, através do martírio, dando-nos um testemunho inquestionável a respeito do Senhor.

A compunção gerada em mim, foi a de sentir que preciso percorrer uma longa estrada para confessar com as palavras e a vida e com pathos quem é Cristo para mim. Voltei para casa com o desejo e a vontade de amar mais. Foi o que Pedro e Paulo suscitaram no meu coração.

Pedro Moraes Brito Júnior

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