A espiritualidade do tempo pascal
convida-nos a refletir sobre a paz, pois nos relatos evangélicos, o
Ressuscitado, nas suas aparições, deseja-a aos seus apóstolos e discípulos,
dizendo-lhes: “a paz esteja convosco!”.
Na língua hebraica a palavra para
designá-la é shalom. Esse termo
significa muito mais do que o nosso vocábulo paz pode expressar. Desejar shalom a uma pessoa, como até hoje os
judeus fazem, quer dizer augurar-lhe todo bem, tudo de bom em todas as
dimensões do seu ser. A palavra hebraica vai muito além da ausência de guerras
e conflitos entre os povos e as pessoas entre si.
A paz, tal qual a língua hebraica
concebe, é, na verdade, uma realidade que só nos possível através de um dom.
Torna-se impossível obtê-la sem Deus e sem o respeito a tudo quanto Ele nos
ensinou para trilharmos o caminho que nos torna felizes. É Cristo o shalom de Deus para nós. Ele é a nossa
paz! Tornando-nos seguidores da sua pessoa e praticantes da sua mensagem,
poderemos construir uma sociedade pacífica.
O alto índice da violência em
nosso país, mormente nas capitais nordestinas, bem como os modos e as formas
como os crimes têm sido realizados, fazem com a questão da violência seja uma
emergência que deve envolver a todos nós, como também as diversas instituições
para vivermos a socialidade que nos constitui.
É preciso clamar ao Senhor da paz
que no-la conceda, mais também é necessário empreender esforços, fazendo o que
nos cabe, para podermos construir uma sociedade com fraternidade e harmonia. Se
isto não o fizermos, corremos o risco de viver a triste surpresa de ser a
próxima vítima.
A paz não é uma questão somente
de segurança pública, se bem que esta seja necessária para sua consolidação.
Trata-se de uma realidade multifacetária, em que várias questões estão em jogo.
A questão socioeconômica, a falta de políticas públicas para a juventude, as
drogas, o nível educacional, por exemplo, são questões, entre outras, que estão
na raiz da falta de paz.
A formação ética ocupa um lugar
fundamental entre essas questões. É com ela que aprendemos a ver o outro como
uma pessoa que tem dignidade, que deve ser respeitada e como um sujeito de
deveres e direitos que devem ser exigidos e amparados pela sociedade. A ética
cristã oferece um universo de valores, que se realmente conhecêssemos e
puséssemos em prática, muito pode contribuir para a gestação de uma pessoa e de
um mundo diferentes.
É preciso, além de oferecer as
condições necessárias para uma vida digna, criar uma cultura de paz. Ou seja,
ter um modo de ser e de fazer que nos levem a viver como irmãos. Nesse sentido,
trilhar os passos do Senhor da paz é o melhor caminho para construirmos uma
sociedade que viva na verdade, na justiça, no amor, na liberdade e na paz.
Shalom pra você!
Pe. Pedro Moraes Brito Júnior
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