Eis que chegamos ao tempo pascal!
Até à solenidade de Pentecostes, toda a Igreja é convidada, de uma forma mais
intensa, a proclamar a verdade que lhe dá sentido: o sepulcro está vazio,
Cristo ressuscitou, a morte foi vencida!
Essa verdade fundamental da nossa
fé foi a que desencadeou um movimento que caracteriza a nossa condição de
cristãos: o seguimento. Somos discípulos daquele que atravessou o vale escuro
da morte na cruz e ao terceiro dia ressuscitou. Foi pela luz da verdade pascal
que os apóstolos compreenderam todo o itinerário de vida de Jesus, sobretudo o
de sua paixão e morte e se decidiram firmemente por Ele.
O livro dos Atos dos Apóstolos,
que é lido durante o tempo pascal, é um convite a conhecer e rememorar os
primórdios da história da nossa fé. Todo o movimento desencadeado que o anúncio
do sepulcro vazio e a experiência com o Ressuscitado suscitaram. Encontramos
vários relatos da pregação apostólica, a adesão de pessoas à fé cristã, a
formação de comunidades. Tudo derivante da grande boa-nova da vida que vence a
morte e do ódio que dá lugar o amor.
Fazendo-nos ir aos albores da
nossa fé, a Igreja convida-nos, não somente a redescobrir o essencial do
anúncio e do viver cristãos, mas a retornarmos ao Amor. Creio que esse é um dos
traços característicos da espiritualidade pascal. Voltar às origens da nossa fé,
que se distingue por ser adesão a uma pessoa: Jesus Cristo, o Filho de Deus.
O viver cristão é um pulsar do
coração que encontra o seu centro afetivo em Jesus Cristo. Tal realidade é
muito presente na resposta de Pedro a Jesus. Ao confiar-lhe a missão de
pastorear o rebanho, o Senhor pede-lhe uma confissão de amor. Pela terceira
vez, Pedro Lhe responde: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo” (cf. Jo 21,15-19).
A Páscoa é convite a redescobrir
esse essencial da nossa fé, que deve ser o centro propulsor de tudo quanto
fazemos. É como diz o apóstolo Paulo no seu discurso aos atenienses, no
areópago: “pois nele vivemos, nos movemos e existimos” (At 17,28).
Além de voltar ao amor, é preciso
retornar ao primeiro amor. Aquele mais intenso, vibrante e pujante. Por vezes,
o amor se arrefece, esfria porque deixamos de voltar o olhar e o coração para o
Amado. E aí não damos mais a nós mesmos por inteiro, mas partes de nós. A
divisão se instala em nosso interior.
A espiritualidade do tempo
pascal, fazendo-nos rever o ardor dos primeiros cristãos, apela-nos a tornar
mais viva e intensa a chama do amor por Jesus Cristo.
Como os frutos das primícias,
queremos dar o melhor de nós mesmos ao Senhor, darmo-nos totalmente, para que
com encanto e enlevo possamos alegremente anuncia-Lo e dizer que não podemos ir
alhures, pois só Ele tem palavras de vida eterna, que saciam e dão sentido ao
nosso viver.
Pe. Pedro Moraes Brito Júnior
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