As Pobres Servas do Preciosíssimo Sangue, mais
conhecidas entre nós como Irmãs do Cenáculo da Caridade, perderam,
recentemente, uma de suas irmãs, muito cara, a Irmã Maria Grazia. De origem
italiana, a referida irmã há mais de quarenta anos estava em nosso Brasil, país
que ela muito amou e não queria deixar.
Participei dos funerais e,
naquela ocasião, um sentimento forte tomou conta do meu coração. Senti o quanto
Irmã Maria Grazia era estimada pela suas co-irmãs que choravam a sua ausência.
Quando dei as condolências à comunidade, ouvi de algumas irmãs frases que me
impactaram. Percebi que o afeto nutrido pela chorada freira era fruto da
significatividade de sua vida.
Entendo por existência
significativa, uma vida que é moldada pelo amor, que vai dando contornos
expressivos e belos à pessoa. Assim foi a vida da irmã italiana. Viveu num sim
constante, mantendo-se sempre disponível para ir e estar onde fosse necessário.
Mulher, portanto, de coração livre, indiviso, toda do Senhor. Era livre porque
se fez pertencer a Ele e, em todas as ocasiões, via uma possibilidade de
servi-Lo. Viveu, de fato, o sentido da palavra consagração: separou-se para
Deus.
O seu serviço era marcado pela
prontidão e pelo modo sempre diligente e rápido de servir. Não perdeu tempo
para amar! Seus passos eram velozes, sua vida foi um consumir-se para dar o
melhor de si aos irmãos.
Uma das irmãs me dissera: “ela
foi fantástica!” E eu refletia comigo: Ela o foi porque viveu o dom maior, que
nos torna verdadeiramente grandes diante do Senhor: o dom do amor. Nesse
sentido, a sua vida era expressão do que marcou a vida de Jesus: o serviço. A
vida de comunhão intensa, que ela estabeleceu com o Senhor, fez com que se
configurasse a Ele na doação de si mesma.
A autoridade do seu viver no
serviço faz com que nos inclinemos diante de sua pessoa, da sua memória. Esta
se torna profundamente interpeladora. Foi assim que me senti no dia da
celebração da missa de corpo presente. Minha alma inclinou-se diante daquela
irmã. Senti-me pequeno e necessitado de um viver mais significativo no
ministério sacerdotal. Pensava: aqui esta alguém que se “impõe” diante de nós,
não por uma função o cargo, mas realmente pela autoridade do serviço.
Irmã Maria Graça é a Virgem Bela
que se enfeitou para seu Amado não com vestes esplendentes, mas com o avental
da caridade. Sua formosura encontrou no amor sua consistência. Na verdade há um
nexo profundo entre beleza e amor. Ela foi ao encontro do Esposo Jesus, a quem
serviu de todo coração. Seus olhos o contemplam e os seus ouvidos escutam-No
dizer: “És toda formosa, ó minha amada, e não há mancha em ti. Vem do Líbano,
minha esposa, vem do Líbano e entra” (Ct 4,7-8).
5 comentários :
Que saudade de saborear dessas palavras...
...Também é fascinante esta tua vontade de querer ser bom.
Belíssima reflexao Padre Pedro!!! Até parece que o senhor a conhecia profundamente, pois nao houve exageros em suas palavras, ela era exatamente assim (tive a oportunidade de conviver com ela). Parabéns pela sua iniciativa, para nós que a conhecemos soou como uma bela e merecida homenagem. Obrigada! Abraços, Bernadete Marques
Pe. Pedro, muito interessante esta reflexão que faz referência à Ir. Graça.
Obrigada pelas palavras inspiradas e por nos revelar a tua sensibilidade diante desta queridíssima pobre serva.
Um abraço.
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