O jovem rico do capítulo dezenove
de Mateus, depois de ter escutado Jesus, que lhe indica o caminho dos
mandamentos como meio para obtenção da vida eterna, recebe d’Ele uma nova
resposta, após ter dito ao Mestre o seguinte: “Tudo isso tenho guardado. Que me
falta ainda?” Ao que Jesus lhe afirma: “Se queres ser perfeito, vai, vende os
teus bens e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e
segue-me”.
Jesus convida o jovem ao seu
seguimento, a percorrer a sua estrada. Propõe aquilo que constitui o cerne da
vida cristã: segui-Lo. Tendo presente a
primeira pergunta do moço rico, que era de caráter ético, – “Mestre que devo
fazer de bom para alcançar a vida eterna” –, podemos dizer que Jesus também
propõe o seu ensinamento sobre a ética cristã. Esta, como bem afirma o Bem
Aventurado João Paulo II, encontra no seguimento o seu fundamento essencial e
original.
O viver moral, por conseguinte,
traduz-se na busca do seguimento de Jesus.
Tal afirmação implica em ter presente que a ética cristã supõe uma dimensão
relacional, ou seja, a adesão a uma pessoa e busca de conformação a ela. “Trata-se, mais radicalmente, de aderir à própria pessoa de Cristo, de compartilhar
a sua vida e o seu destino, de participar da sua obediência livre e amorosa à
vontade do Pai”.
O início da resposta de Jesus ao
Jovem é muito significativo para a compreensão do seguimento. Este é, antes de tudo, uma proposta de Jesus,
um seu chamado, diante do qual o homem deve dar sua resposta livre.
É Jesus que chama e o viver ético
consiste em fazer jus ao chamado. Este ganha uma configuração muito especial.
Trata-se de um chamado à perfeição: “Se queres ser perfeito...” . Jesus convida
o jovem, não a trilhar qualquer estrada, mas aquela da perfeição. Mas esta diz
respeito a que? A uma observância escrupulosa, nos moldes dos fariseus da época
à normas e mandamentos? Que perfeição é esta?
Trata-se de uma perfeição no
amor. Este sintetiza toda a lei e se exprime na indissociabilidade do amor a
Deus e aos irmãos. Consiste no fazer-se dom de si às pessoas. Neste sentido, o
desapego de si próprio e dos bens, aos quais é convidado o jovem, é uma
indicação de que o seguidor de Jesus não vive para si mesmo, mas encontra, na
doação de sua vida aos irmãos, a razão de ser do seu existir. Vai compreendendo,
que é chamado a ser grão de trigo, como exprimiu Jesus: “Se o grão de trigo que
cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer, produzirá muito fruto”
(Jo 12,24).
A resposta de Jesus ao jovem rico
salienta a altíssima vocação do cristão e da ética cristã: perfeição no amor. É
banido todo comportamento que se modele a partir da obrigação ou da busca de
fazer o mínimo necessário. O cristão é alguém que é chamado a ser grande no
amor. A medida de sua fidelidade a Cristo é a medida do seu amor a Deus e aos
irmãos.
Pe. Pedro Moraes Brito Júnior
1 comentários :
Transpirando espiritualidade!!
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