terça-feira, 14 de junho de 2011

Viver no Espírito: viver no amor

A festa de Pentecostes leva-nos a refletir sobre a importância capital do Espírito Santo em nossa vida cristã.  O adjetivo cristã faz referência a Cristo, fazendo-nos entender que o substantivo vida é qualificado por um modo de ser e estar no mundo que se caracteriza por atualizar o modus vivendi de Jesus. Contudo, viver como Ele viveu é uma realidade que está além das nossas forças e que só nos é possível por meio de um dom: o Espírito Santo. Nesse sentido, podemos afirmar que só existe vida em Cristo, se houver vida no Espírito enquanto é Este que nos capacita para tal.
O Espírito Santo é o grande responsável por fazer acontecer o evento central da história da salvação: a encarnação. O Verbo se fez carne no seio virginal de Maria Santíssima graças à sua ação. O Amor vem armar sua tenda entre nós por meio do Espírito. E ainda hoje podemos experimentar a presença do Senhor Jesus em nossa vida também graças à sua ação. Os gestos sacramentais tornam-se sinais eficazes na força do Espírito Santo. É Ele que em cada Eucaristia faz com que pão e vinho tornem-se a presença real do Corpo e Sangue do Senhor. Todo o agir do Espírito está, assim, orientado para Cristo. E por meio do Espírito podemos viver o hoje da graça e da salvação.
Na nossa vida espiritual não é diferente. Aliás, chamamos espiritual, sobretudo porque se refere a uma condução do Espírito em nós. É por meio d’Ele que vamos nos configurando ou conformando-nos a Cristo. É Ele que nos plasma e nos faz ter os mesmos sentimentos de Cristo em nós. É Ele que nos capacita para amar, para viver esta vocação fundamental, condição indispensável para sermos realmente felizes. A progressão nos amor é, por conseguinte, um dinamismo que se dará em nossa vida a partir da unção do Espírito, derramado em nossos corações.
É somente no Espírito que podemos fazer com que esta medida alta da vida cristã, que é a santidade, dito em outras palavras, a vivência da caridade, será possível em nossa vida. É Ele que nos vem em socorro da nossa fraqueza para amarmos na medida do Senhor e não na nossa medida por vezes medíocre e egoísta. É Ele o fogo abrasador capaz de queimar os sentimentos maléficos que invadem o nosso coração. Ele é a unção que cura os nossos corações feridos pelos contratempos da vida. E, por isso, sentimos necessidade de dizer-Lhe: Vem, Espírito de amor, “amoriza-me”, vem aquece e inflama o nosso coração frio, indiferente e insensível.
A grandeza do seguidor de Jesus está na grandeza do seu coração, que busca ser semelhante ao do Mestre Jesus.  Na sua escola, a lição maior e mais importante é a do amor. Nele todos os mandamentos foram resumidos.  Viver cristão é vida no mandamento novo.  Mas este mandamento só pode ser atuado pela Lei Nova que é a graça do Espírito Santo dada pela fé em Cristo. Resta-nos somente clamar e abrir o coração para que permanentemente o Espírito habite em nós. Um dos sinais da sua presença é a abertura do nosso coração para o irmão, pois um dos seus primeiros frutos, como nos diz o apóstolo, é a caridade: “O amor de Deus foi derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi concedido” (Rm 5,5). Vem, Espírito de amor, ajuda-nos a abrir os olhos e o coração, faze-o arder de um intenso amor a Deus que se manifeste no irmão. Vem e faze novas todas as coisas em nossa vida. Vem e ajuda-nos a não ter fronteiras no coração e a viver a liberdade de fazer-nos dom no amor aos todos que cruzarem o nosso caminho.

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