
Na escola do amor não é diferente, ou melhor, deve ser dessa forma, pois só o senhor Jesus é, na verdade, o Mestre do amor. Não obstante nossa meta de aperfeiçoamento se caracterize na excelência do amor, nós permaneceremos sempre aquém diante de algo, que por sua natureza, é infinito, não conhece limites. Nossa vocação consiste em sermos aprendizes constantes do amor. O “sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (cf. Mt 5,48) é, na verdade um convite a colocar-se numa busca constante de crescimento no amor.
No documento conciliar Gadium et spes, há uma frase lapidar muito comentada pelos teólogos que assim se exprime: “Na realidade o mistério do homem só se torna claro verdadeiramente no mistério do Verbo encarnado” (GS, 22). Em Cristo, manifesta-se o pleno significado da vocação constitutiva do homem: vocação para o amor. Contemplando-O e vivendo n’Ele, a pessoa humana, não somente se descobre na sua plena realidade, bem como na sua capacidade de amar. Jesus é o amor que se fez carne. Assumindo a nossa natureza, Ele, concretamente, nos oferece um caminho a seguir para trilharmos a estrada do amor.
Em Cristo, descobrimos, a partir do mistério da encarnação, que o amor é saída de si, diferente da dinâmica do egoísmo que nos faz concentra-nos em nós mesmos. O amor leva-nos ao outro, busca, por isso, construir pontes ao invés de muros. Abre um sorriso para que a porta se abra, estende a mão, convidando ao encontro e faz-se diálogo para entrar em comunhão e haja, dessa maneira, o intercâmbio enriquecedor entre as pessoas. Em Cristo este movimento de saída não encontra espaço para discriminações, não tem fronteiras, dirige-se a todos. Todos são destinatários do seu amor, sobretudo aqueles que são considerados sem valor perante as pessoas e a sociedade.
A saída que conduz ao outro, ao encontro caracteriza-se por um movimento de descenso, que busca ir onde o outro está. Manifesta-se por ser uma atitude profundamente empática onde se procura colocar no lugar do outro, compartilhando a sua vida na riqueza de tudo quanto ela comporta. É um estar ao lado, não acima e nem mesmo abaixo. Creio que foi esta experiência vivida por Zaqueu quando Jesus voltou-se para ele e decidiu permanecer com ele em sua casa, compartilhando de sua vida (cf. Lc 19,1-10). Foi esta experiência que também viveram André e João quando foram ao encontro do Senhor e permaneceram com ele. Retornaram tão radiantes que não esqueceram a hora daquele encontro e logo quiseram comunicar aos outros (cf. Jo 1,35-42).
“O Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14).O Senhor vem das alturas, para encontrar-nos e permanecer conosco. Como no episódio dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24,13-35), Ele nos diz que amar é pôr-se a caminho com os outros, é estar com pessoas e antes mesmos de dizer-lhes algo, escutar-lhes.
0 comentários :
Postar um comentário