domingo, 1 de dezembro de 2013

Mensagem aos formandos de Teologia 2013.2


Tive a alegria de ter celebrado a Eucaristia com os novos formados em Teologia neste ano de 2013. Tive a satisfação de fazer a homília e partilho com vocês o que lhes disse:



“Que alegria quando ouvi que me disseram: ‘Vamos à casa do Senhor’”

É com imensa alegria que aqui nos encontramos, na casa do Senhor, para celebrar Cristo, nossa vida e n’Ele a vida desses nossos jovens que concluem uma etapa de sua caminhada. Alegramo-nos no Senhor por isto e, congratulamo-nos com todos vocês e com todos aqueles empenhados nesta causa.



Hoje, a Igreja dá inicio a um novo ano litúrgico com o tempo do advento. Somos convidados, de novo, a celebrar os Mistérios do Senhor e contemplar suas maravilhas na história de outrora e de hoje. 



Metaforicamente falando, podemos dizer que este período formativo foi o grande advento da vida de cada um de vocês. Um advento de seis, sete, oito ou mais anos, marcado por tantos fatos e acontecimentos diversos que assinalaram as suas vidas, queridos jovens. Tantas coisas aconteceram e tantas pessoas passaram em suas vidas. Vocês riram, choraram, ficaram apreensivos, sentiram alívio. Foram muitas as emoções com certeza. Mas iluminados pela luz do Senhor, que o advento nos faz vislumbrar, seus passos não se paralisaram. Entre caminhos planos, íngremes, sinuosos, vocês aqui chegaram e os seus pés se detém na casa de Deus para dizer-Lhe: Obrigado, Senhor!!!



Padre Ermes Ronchi afirma, comentando a liturgia de hoje, que esperar é a declinação do verbo amar. Quem ama espera. Continua a declarar, que o homem mantém-se vivo até quando no seu coração é viva a esperança e das suas esperas torna-se reconhecido. A nossa estatura moral e espiritual, assevera ainda o supracitado autor, se pode medir pelo que esperamos.



O percurso feito foi realizado por uma grande espera: o desejo de consagrar totalmente a vida no seguimento de Jesus como presbíteros, no serviço de seu Reino. Esta foi a grande motivação dos estudos e para esta causa eles também se orientaram: a formação de pastores do povo de Deus que, compartilhando suas alegrias e dores, o conduzam para conhecer e amar Jesus Cristo, proporcionando-lhe um encontro que lhe possibilite um viver mais pleno e feliz.



Sim, acreditamos que a vida com Cristo se torna mais bela. Papa Bento XVI, no início do seu pontificado, assim o testemunhara: “Quem faz entrar Cristo, nada perde, nada absolutamente nada daquilo que torna a vida livre, bela e grande. (...). Só nesta amizade se abrem de par em par as portas da vida. Só nesta amizade se abrem realmente as grandes potencialidades da condição humana. Só nesta amizade experimentamos o que é belo e o que liberta. Assim, eu gostaria com grande força e convicção, partindo da experiência de uma longa vida pessoal, de vos dizer hoje, queridos jovens: não tenhais medo de Cristo! Ele não tira nada, ele dá tudo. Quem se doa por Ele, recebe o cêntuplo. Sim, abri de par em par as portas a Cristo e encontrareis a vida verdadeira”.



À luz da espiritualidade do tempo litúrgico que agora iniciamos, gostaria de, como amigo e professor, recordar-lhes a vocês, que se tornam teólogos e futuramente pastores do povo de Deus, que o exercício ministerial da teologia e da pastoral, que estão intimamente ligados, tem um caráter salvífico: Somos chamados, como o advento nos convida, a dizer, sobretudo, o belo anúncio de que Deus vem, mas vem para nos salvar.
Como a pouco nos orientou o Papa Francisco, na sua nova exortação apóstolica, Deus nos chama para sermos seus servidores para anunciar o evangelii gaudium, o evangelho da alegria: Esta boa nova nasce daquilo que Deus é, que constitui a sua essência: Deus caritas est – Deus é amor! E nos amou por primeiro. O intellectus fidei da teologia, torna-se então intellectus amoris. 



Isto implicará, sobretudo, como já nos advertira o Concílio, a centralidade do Mistério de Cristo no discurso teológico e na ação pastoral. A isto também nos convida o Pontífice sul-americano: “Todas as verdades reveladas procedem da mesma fonte divina e são acreditadas com a mesma fé, mas algumas delas são mais importantes por exprimir mais diretamente o coração do Evangelho. Neste núcleo fundamental, o que sobressai é a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado”.



Neste sentido o pensar teológico e a atuação pastoral vão se revestir do que o Papa Franciscico chama de principio de primazia da graça, onde somos convidados a exercer a tarefa de mistagogos tanto como teólogos e pastores. Sentido o cheiro das ovelhas, por estar próximos a elas, queremos facilitar-lhes a experiência da graça.
As figuras que são ressaltadas no advento convidam-nos a isto: Isaías, João Batista, Maria. Pessoas que nos apontam um caminho de esperança, de conversão e de fidelidade ao Senhor. As palavras de Isaías constituem um anúncio de esperança para os homens de todos os tempo. Nele se encontra “um eco da grande esperança que confortou o povo eleito durante os séculos duros e decisivos da sua história”. É o que somos chamados a fazer em nome da fé. João Batista, não somente aponta para Cristo, mas nos indica o nexo existente entre Reino e conversão. E Maria, uma das figuras relevantes do advento, é para nós modelo. Acolhendo o projeto de salvação, a Virgem de Nazaré “transformou a espera em presença e a promessa em dom”. Que Maria nos ajude a sermos também nós caminho que conduz a Cristo neste novo milênio.



Vocês findaram uma etapa, mas é preciso continuar vigilantes. A isto a liturgia de hoje nos convida. Vigilantes na busca da formação permanente, no desejo sincero de compreender o contexto atual e com ele dialogar, na procura processual de querer dar sempre passos tentando corresponder melhor a vocação à qual foram chamados.



É preciso, sobretudo, manter o lúmen fidei – a luz da fé acesa na chama do coração ardente de Jesus a fim de que a compreensão e vivência da mesma se traduzam em frutos de amor para vida do mundo, pois a Igreja, como afirmara Bento XVI em Aparecida, cresce não por proselitismo, mas por atração. Mantenham a chama acesa na alegria do dar-se. “Na doação, a vida se fortalece; e se enfraquece no comodismo e no isolamento. De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam a segurança da margem e se apaixonam pela missão de comunicar a vida aos demais. (...). A vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros. Isto é, definitivamente missão”, afirma Papa Bergoglio.



Queridos jovens, vocês são a esperança da Igreja, o nosso amanhã. Que o Senhor lhes conceda a graça de manter viva a esperança para que vocês possam confortar, consolar e animar tantos corações. Não deixem que a roubem, como nos adverte Papa Francisco.


Para cada um de vocês faço um augúrio, inspirando-me na prece do salmista: A paz esteja em cada um de vocês! Pelo amor que tenho à Igreja, eu lhes desejo todo bem!

Pe. Pedro Júnior

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