Assim reza, o salmista no salmo
89/90. Talvez tenha se dado conta da complexidade da vida, que nos impõe
escolhas e decisões cotidianamente. Delas dependem o rumo de nossas vidas, bem
como da de outras pessoas. A vida exige arte, aprendizado para que bem a
trilhemos e a aproveitemos. É bom escutar aqueles que já percorreram muito
caminho e, sobretudo, a voz de Deus, que se torna próxima a nós nas Sagradas
Escrituras.
A vida é breve. Já diziam os
antigos latinos: Tempus fugit! – O
tempo passa! É preciso suplicar do Senhor a graça de bem viver a dádiva que Ele
nos concedeu, chamando-nos à existência. Pedir para obter sabedoria é uma prece
fundamental a fim de que não se viva em vão. O rei Salomão, tendo presente a
sua juventude e a grandiosidade da sua missão como rei, pede a Deus que lhe
conceda este dom.
Há alguns grandes riscos na vida:
não a viver com intensidade, fundamentá-la sobre bases inconsistentes ou
desprovidas de valor, perder-se, portanto, naquilo que não é mais importante e
significativo, jogar fora oportunidades relevantes, priorizar o acidental e
deixar de lado o essencial.
Contudo, o risco maior que
podemos incorrer na nossa existência é:
o de não amar. E aí, como diz o canto, perdemos a vida: “Eu sei que a
nossa vida é vida perdida pra quem não amar”. Sem dúvida alguma, o amor é a
linfa que dá consistência ao nosso viver. Este, quando desprovido de amor, é
vazio, triste e sem significado.
O salmista, além de pedir a arte
de viver bem, suplica também que o Senhor o sacie com seu amor. Há no fundo do
coração de cada ser humano o desejo do infinito, uma sede de felicidade que o
conduz a estar sempre em busca. A prece do judeu piedoso exprime que esse
desejo e essa sede podem somente encontrar plenitude em Deus.
Por vezes, colocamos, no
passageiro e efêmero, o alvo da nossa vida. Envidamos esforços e gastamos
energias por coisas, que na verdade não são fundamentais para o nosso bem-estar
e a nossa busca de realização. O tédio assinala a vida de muita gente que é
provida de tantos meios e recursos materiais, mas não encontra neles a alegria
de viver e, por vezes, atentam contra a própria vida, por não encontrarem
sentido para ela.
“Eu a preferi aos cetros e tronos
e avaliei a riqueza como um nada ao lado da sabedoria” (Sb 7,8). O escritor
sagrado escolhe a sabedoria. Ela deve se constituir também numa busca e escolha
nossa também, pois é muito importante para trilharmos os caminhos da vida,
procurando percorrê-los de modo a bem contarmos os dias que temos. Não sabemos quantos são, se serão poucos ou muitos
ainda. O que importa é viver o agora bem para que olhemos o passado com alegria
e o futuro com esperança.
A sabedoria, por excelência, é o
próprio Cristo. Queremos olhar a sua vida e missão para com Ele aprendermos a
bem viver. Queremos, também, com Ele contemplar os fatos e acontecimentos com
quais podemos crescer. A vida nos reserva grandes lições se humildemente formos
capazes de trilhar a sua estrada não como mestres, mas
como discípulos.
Pe. Pedro Moraes Brito Júnior
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