Eis que as festas carnavalescas
se findam e chegamos, mais uma vez, a quaresma, tempo litúrgico que tem como
objetivo principal preparar-nos para a festa maior da fé cristã: a Páscoa, a
Ressurreição do Senhor. Nesse sentido, os quarenta dias propostos são um
convite à renovação do nosso batismo pelo qual já fomos imersos na Páscoa de
Jesus.
A renovação batismal se dá por
práticas concretas que nos ajudem a manter-nos firmes no caminho de Deus, sem
nos desviramos nem para um lado, nem para outro. As virtudes, nessa
perspectiva, são a forma melhor para viver a quaresma. Desenvolver virtudes ou
fortificá-las e aperfeiçoá-las pode se constituir numa meta norteadora da
vivência quaresmal.
De um modo simples, a virtude é
conceituada como um hábito bom continuado. Trata-se de fazer com que ações boas
tornem-se uma realidade natural em nossas vidas fruto do exercício e do esforço
em incorporá-las em nossas vidas.
Dentre as várias virtudes que
podem ser desenvolvidas, gostaria de destacar a temperança. Ela que é
apresentada como uma coibidora do prazer, parece-me ser reclamada, não tanto
pela religião, mas por segmentos da sociedade. A temperança tem como finalidade
regular os nossos apetites e desejos.
É interessante como no âmbito da
saúde ela nos é pedida. Os agentes de saúde exigem parcimônia naquilo que
comemos. Numa sociedade marcada pela ditadura do paladar, crescem as doenças
relacionadas aos excessos gastronômicos. As doenças do bem-estar, tais como:
colesterol, diabetes, pressão arterial alta. Além disso, cresce em nosso país o
número de obesos, fazendo com que a obesidade seja já um fator de risco em alta
escala em nosso meio.
Observo, também, que as questões
referentes à ecologia têm demandado sobriedade em nosso agir. O respeito à
natureza exige, por exemplo, desenvolvimento de atitudes de cuidado, como por
exemplo, não jogar os objetos usados em qualquer lugar e de qualquer forma.
Exige a reciclagem, que em nosso país vai a passos lentos em relação aos passos
de outras nações.
A crise hídrica, que desde muito
tempo afeta o nordeste e que nestes últimos tempos afetou o sudeste brasileiro,
não somente chama atenção da falta de ação do governo para com a questão, como
também convida toda a sociedade a lidar melhor com um bem tão precioso como a
água. Não é admissível o desperdício e tantas outras atitudes de agressão às
nascentes, aos rios e ao mar.
A situação do mundo a nível
ecológico põe em voga a temperança. Não podemos viver ao sabor do que nos
deleita, quando isso significa falta de amor e cuidado. O Senhor fez o mundo
para nós e o entregou as nossas mãos, não para depredá-lo.
Ser temperante no âmbito da saúde
e da ecologia, entre outros, é ter uma resposta de amor diante do dom que é o
nosso corpo e diante da natureza que também é presente de Deus para nós.
Nesta quaresma, desenvolvamos a
temperança, usando com inteligência e parcimônia os bens que nos foram dados.
Além de evitarmos problemas para nós mesmos e contribuirmos para um mundo
melhor, estaremos dando concretamente a Deus o nosso muito Obrigado por seus
dons.
0 comentários :
Postar um comentário