segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Um tempo de temperança

Eis que as festas carnavalescas se findam e chegamos, mais uma vez, a quaresma, tempo litúrgico que tem como objetivo principal preparar-nos para a festa maior da fé cristã: a Páscoa, a Ressurreição do Senhor. Nesse sentido, os quarenta dias propostos são um convite à renovação do nosso batismo pelo qual já fomos imersos na Páscoa de Jesus.

A renovação batismal se dá por práticas concretas que nos ajudem a manter-nos firmes no caminho de Deus, sem nos desviramos nem para um lado, nem para outro. As virtudes, nessa perspectiva, são a forma melhor para viver a quaresma. Desenvolver virtudes ou fortificá-las e aperfeiçoá-las pode se constituir numa meta norteadora da vivência quaresmal.

De um modo simples, a virtude é conceituada como um hábito bom continuado. Trata-se de fazer com que ações boas tornem-se uma realidade natural em nossas vidas fruto do exercício e do esforço em incorporá-las em nossas vidas.

Dentre as várias virtudes que podem ser desenvolvidas, gostaria de destacar a temperança. Ela que é apresentada como uma coibidora do prazer, parece-me ser reclamada, não tanto pela religião, mas por segmentos da sociedade. A temperança tem como finalidade regular os nossos apetites e desejos.

É interessante como no âmbito da saúde ela nos é pedida. Os agentes de saúde exigem parcimônia naquilo que comemos. Numa sociedade marcada pela ditadura do paladar, crescem as doenças relacionadas aos excessos gastronômicos. As doenças do bem-estar, tais como: colesterol, diabetes, pressão arterial alta. Além disso, cresce em nosso país o número de obesos, fazendo com que a obesidade seja já um fator de risco em alta escala em nosso meio.

Observo, também, que as questões referentes à ecologia têm demandado sobriedade em nosso agir. O respeito à natureza exige, por exemplo, desenvolvimento de atitudes de cuidado, como por exemplo, não jogar os objetos usados em qualquer lugar e de qualquer forma. Exige a reciclagem, que em nosso país vai a passos lentos em relação aos passos de outras nações.

A crise hídrica, que desde muito tempo afeta o nordeste e que nestes últimos tempos afetou o sudeste brasileiro, não somente chama atenção da falta de ação do governo para com a questão, como também convida toda a sociedade a lidar melhor com um bem tão precioso como a água. Não é admissível o desperdício e tantas outras atitudes de agressão às nascentes, aos rios e ao mar.

A situação do mundo a nível ecológico põe em voga a temperança. Não podemos viver ao sabor do que nos deleita, quando isso significa falta de amor e cuidado. O Senhor fez o mundo para nós e o entregou as nossas mãos, não para depredá-lo.

Ser temperante no âmbito da saúde e da ecologia, entre outros, é ter uma resposta de amor diante do dom que é o nosso corpo e diante da natureza que também é presente de Deus para nós.


Nesta quaresma, desenvolvamos a temperança, usando com inteligência e parcimônia os bens que nos foram dados. Além de evitarmos problemas para nós mesmos e contribuirmos para um mundo melhor, estaremos dando concretamente a Deus o nosso muito Obrigado por seus dons.

Pe. Pedro Moraes Brito Júnior

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