segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Viver o ethos de Cristo

Uma das especificidades da pessoa é o fato de se constituir um ser ético. O homem não faz as coisas de qualquer modo. Dá sentido e significado aquilo que faz. No horizonte do seu viver, coloca para si mesmo a questão: que devo fazer? Trata-se de uma pergunta de ordem prescritiva, em que não se busca fazer qualquer ação, mas a ação boa, que esteja em sintonia com a própria condição do homem, com aquilo que ele é.
Os evangelhos contam que, certa feita, um jovem muito rico, aproximou-se de Jesus e lhe fez uma pergunta de caráter ético: “Mestre, que devo fazer de bom para alcançar a vida eterna? Com certeza, este jovem viu que em Jesus podia encontrar respostas para os seus interrogativos morais, ou como afirma o Bem Aventurado João Paulo II: “É mais provável que o fascínio da pessoa de Jesus tenha feito surgir nele novas interrogações acerca do bem moral”.
Como o jovem do evangelho, somos também chamados a colocar-nos diante do Senhor, porque cremos que ele pode nos ensinar a verdade do agir moral. Dele podemos obter a resposta sobre o que é bem e o que é mal.
Este estar diante do Senhor se faz mister importante em nossos dias, quando na sociedade encontramos várias respostas a respeito do agir moral, impondo-se, deste modo, um relativismo moral. Chega-se até afirmar que o bem moral, na verdade, não existe, ou que para ser verdadeiramente livre, a pessoa deve desvincular-se de qualquer coisa que a empenhe.
A fé é uma realidade que se traduz em ações e traz consigo implicações também de cunho ético. Aquele que crê não age de qualquer modo, mas segundo a sua fé. Esta se torna o grande norte que orienta a vida. Ter fé em Cristo é fazer dele a bússola que conduz as nossas ações e modela o nosso viver.
Como o jovem rico, diante dos conflitos e da diversidade de fatos e situações, queremos também perguntar a Jesus: Mestre que devo fazer de bom?. Como este moço, queremos estar dispostos a ouvi-lo, deixando que nos oriente e conduza. Se isso não fizermos, enganamo-nos a nós mesmos, quando dizemos que cremos e não agimos conforme o que se crê ou em quem se crê.
Aproximar-se de Jesus é importante não somente porque ele pode elucidar as questões e dizer-nos qual caminho seguir, mas, sobretudo porque aquilo que ele nos pede para fazer, leva-nos a um plus de humanidade e conduz-nos à plenitude de significado e realização.
O discurso ético diz respeito ao bem da pessoa. Ele se configura como o seu tutor, salvaguarda da sua condição, da sua humanidade. A ética tem a ver com o humanum. Cremos que o caminho ético apontado por Cristo, dito em outras palavras, o ethos cristão, este modo de viver específico, conduz-nos a ser pessoas em plenitude. Como afirma o Papa Bento XVI, “quem faz entrar Cristo, nada perde, nada absolutamente nada daquilo que torna a vida livre, bela e grande. Não! Só nesta amizade se abrem de par em par as portas da vida. Só nesta amizade se abrem realmente as grandes potencialidades da condição humana. Só nesta amizade experimentamos o que é belo e o que liberta. Assim, eu gostaria com grande força e convicção, partindo da experiência de uma longa vida pessoal, de vos dizer hoje, queridos jovens: não tenhais medo de Cristo! Ele não tira nada, ele dá tudo. Quem se doa por Ele, recebe o cêntuplo. Sim, abri de par em par as portas a Cristo e encontrareis a vida verdadeira”.

Pe. Pedro Moraes Brito Júnior
pepedrojr@hotmail.com

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