Uma das realidades que nós católicos temos de nos orgulhar é a do grande e rico número de homens e mulheres que são verdadeiros faróis na história da nossa fé: os santos. Eles são manifestação da santidade d’Aquele que só é santo, Deus. Neles o esplendor da glória de Deus resplandece, a luz da face do Senhor brilha em seus rostos.
A Igreja sabiamente no-los oferece como intercessores e modelos. A intercessão desses nossos irmãos deriva de uma verdade da nossa fé: a comunhão dos santos. Por meio dessa realidade, entendemo-nos como fiéis que fazem parte de um corpo e que estamos interligados, unidos, em comunhão. Permanecemos em sintonia com os irmãos que ainda peregrinam nas estradas desta vida, nas diversas partes do mundo e, com aqueles que já varcaram as portas da eternidade e estão em Deus. Lá, junto do Senhor eles rogam por nós.
Eles também são modelos. A Igreja convida-nos a imitar os seus exemplos de amor e fidelidade a Deus no seguimento dos passos do Seu Filho Jesus Cristo. Alguns psicólogos já destacaram a importância da imitação no processo do desenvolvimento humano. É por meio deste fenômeno que nos humanizamos, desenvolvemo-nos inicialmente como pessoa.
Tal realidade torna-se hoje fundamental diante de um mundo sem referências, onde escasseiam os exemplos de altruísmo e dedicação a grandes causas. Este é um fenômeno que caracteriza a juventude atual que não segura a bandeira, por exemplo, das causas sociais como nas décadas da segunda metade do século passado.
Como na história de um povo são importantes os vultos históricos, como personalidades que lutaram por ideais que construíram a pátria; os santos são também importantes para a vivência da nossa fé, que por vezes se esvazia e se torna religiosidade descomprometida e ambígua. Eles nos apontam para o essencial, para aquilo que realmente conta na vida cristã: o amor. Esta realidade fundamental é professada e testemunhada em suas vidas. São figuras que nos incitam para um viver mais autêntico e coerente com o que Jesus Cristo nos ensinou.
Eles, longe de nos afastarem de Jesus Cristo e tomarem o seu lugar, são um testemunho vivo da centralidade que Ele deve ocupar em nosso viver. Na verdade, a vida dos santos é a expressão mais bela de quem se deixou encontrar por Cristo permitindo-se ser amado profundamente por Ele. Mais também é a expressão de quem, na gratidão, buscou amar o Senhor de todo coração, procurando viver na gratuidade do amor de Deus.
São um testemunho da excelência do Senhor e do absoluto que Ele deve se constituir em nossa vida e nas nossas escolhas e opções. Os santos são um convite a fazer de Jesus Cristo o tesouro escondido, a pérola preciosa pelo quais tudo se deixa para obtê-los. Na expressão de São Paulo é um convite a considerar tudo como esterco para fazer do Senhor a realidade fundamental e consistente do viver.
Este é o sentido que deve nos imbuir ao participarmos de uma procissão. Poderíamos nos perguntar: Por que carregamos as imagens dos santos em nossas procissões? Qual o sentido de caminhar com eles. Creio que aqui se esconde neste gesto simbólico algo de muito grande. Fazer uma procissão é recordar-se que somos povo em caminho, que peregrina nas estradas do mundo rumo ao céu. Somos cidadãos do infinito. Neste palmilhar não estamos sozinhos, eles caminham conosco e estimulam-nos a caminhar nos passos e no compasso de Jesus. Levar uma imagem de São Francisco, por exemplo, é lembrar-se que, na estrada de nossa existência, somos chamados a viver de modo simples e humilde, buscando encarnar a fraternidade com as pessoas e o cosmos. Levar a imagem de Maria é ter presente que, como ela, queremos ser homens e mulheres do sim, que buscam viver na vontade do Senhor, na escuta atenta e amorosa a Sua Palavra. Carregar a imagem de um Camilo de Lélis é entender que nossa vida só ganha sentido enquanto for vida compartilhada, doada, sobretudo com quem sofre. Caminhar com as imagens dos santos é recordar, como já nos disse São Bento que não devemos antepor nada a Cristo.
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