segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Não à maledicência

No sermão da montanha, Jesus faz um convite a trilhar um caminho que se caracteriza pela busca de perfeição no amor. É nisto que consiste o viver cristão. Em palavras modernas, poderíamos dizer que é uma procura permanente de humanização.

A vontade de crescer e querer dar passos significativos em nossa vida, superando limitações, defeitos e pecados, constituem-se no nosso empenho constante e contínuo. Na verdade é este o bom combate do cristão: travar uma batalha para atingir sua estatura em Cristo Jesus.

Jesus nos diz que a nossa justiça deve superar a dos escribas e fariseus (cf. Mt 5,20), que se caracterizava por um cumprimento legalista das prescrições. A preocupação era somente de fazer aquilo que a lei mandava, não indo mais adiante.

Na interpretação dos mandamentos, Jesus vai mais adiante, significando-os e informando-os com o princípio da caridade, que é a normativa fundamental da fé cristã. No que tange especificamente ao quinto mandamento, “não matarás”, o Senhor não apenas limita-se a entendê-lo no que se refere ao respeito à vida, que por ser sagrada, é inviolável.

O Senhor mostra que o quinto mandamento tem mais implicações que vão além da agressão física. Podemos “matar” as pessoas com a indiferença, com palavras ofensivas ou até mesmo com o simples fato de furtar-nos a estabelecer comunicação com elas. Também podemos “matar” as pessoas com uma atitude que não corresponde ao fim para o qual fomos criados. Trata-se da maledicência.

Fomos criados para bendizer, dizer coisas boas e não para maldizer, dizer coisas más. A maledicência é algo que fere o principio da caridade cristã que deve levar-nos a zelar-nos pela boa fama que as pessoas têm direito a ter. Não devemos sentir o prazer de divulgar ou espalhar os limites e dificuldades dos outros, mesmo quando estejamos, de todo, seguros do que fizeram.

Se mesmo com a certeza dos atos maus praticados pelos outros não devemos “subir aos telhados”, quanto mais quando a informação trata-se de rumores que por vezes são infundados e tem na origem outras razões.
Falar mau e chegar até a caluniar alguém é, moralmente, matá-lo. Trata-se de praticar uma ação que não tem retorno e de difícil reparação. São Felipe Nery demonstra tal realidade quando pede a um casal que depene uma galinha e, em seguida, recolha as penas após jogá-las de cima de uma torre bem alta. Diante da impossibilidade do ato de recolhimento, retrucado pelo casal, o santo italiano fala que assim é o mal da calúnia, da fofoca. Não tem praticamente possibilidade de reversão.

São Tiago, na sua carta, alerta que não podemos ter uma língua ambígua (cf. Tg 3,9-12). Assim como de uma fonte não pode jorrar água doce e salgada, da boca do discípulo de Jesus não deve haver espaço para o mal dizer: “Aquele que não peca no falar é realmente um homem perfeito” (Tg 3,2).

Queremos ser sóbrios no que diz respeito a boca, não somente no comer, para termos uma bela silhueta física; mas também no falar para termos uma bela silhueta espiritual. Esta implica em ser sóbrio, discreto, saber silenciar, perguntar-se sobre o que se pode fazer para ajudar, rezar entregar a Deus e, não, ter o prazer noticiar.


Pe. Pedro Moraes Brito Júnior

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