sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O Esposo e o vinho


As bodas de Caná, que nos foram apresentadas no segundo domingo do tempo comum do ano c, fazem-nos refletir sobre uma temática a mim muito cara: o tema da dimensão esponsal na vida cristã. Tal realidade é presente na Sagrada Escritura tanto no Antigo, como no Novo Testamento.

João apresenta o primeiro milagre de Jesus numa festa de casamento. O episódio narrado pelo evangelista conta-nos que Ele foi convidado pela família e com ele estavam sua mãe e seus discípulos. É bonito ver Jesus que participa da vida do seu povo, compartilha os momentos alegres, como o da celebração de um matrimônio, e os momentos tristes também.

Esta presença de Jesus numa festa de casamento foi interpretada pela Igreja, como uma santificação da realidade matrimonial. Ele abençoa o amor humano e elevará a comunhão de amor entre homem e mulher a dignidade de sacramento. Estes são, deste modo, chamados a ser sinal do amor entre Cristo e a Igreja.

Contudo a realidade matrimonial presente ali em Caná era símbolo de uma outra realidade: a de Cristo esposo. É próprio desta forma que o evangelista deseja apresentá-lo. Jesus é o novo esposo que quer estabelecer uma comunhão de amor, uma nova aliança com o novo Israel que é a Igreja simbolizada por Maria e seus discípulos.

Jesus quer celebrar as núpcias com a Igreja, comigo, com cada um de nós. Quer fazer comunhão conosco. Entender o relacionamento com Jesus desta forma faz com que a nossa vida de fé, a nossa vida espiritual ganhem uma configuração diversa. Não pode ser resposta fria ao Deus que nos interpela; não pode ser apenas ato da razão. Deve antes de tudo, ser resposta que parte do coração, resposta de amor.

Já o livro do Deuteronômio convida o povo a um relacionamento envolvente com Deus quando assim se exprime: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (6,5). A resposta de fé ao Senhor deve ser dada no todo do nosso ser.

A visão esponsal de Deus é, portanto, um convite a superar uma fé que, por vezes, permanece somente na cabeça ou que tende a se limitar a afirmações dogmáticas, mas não se exprime numa comunhão amorosa que envolve o mundo dos nossos afetos e dos nossos sentimentos.

Reconhecer Jesus esposo é afirmá-lo como nosso Amado, mas também reconhecer-se o amado ou a amada d’Ele. Queremos nos sentir envolvidos no seu amor, bem como envolver-nos completamente em nossa resposta de amor.

Jesus é o esposo que quer oferecer-nos o vinho novo, que é mais abundante e saboroso. O vinho é símbolo da alegria, da vida, das núpcias novas. Levemos as ânforas que somos nós e deixemo-nos ser plenificados e transformados por Ele. É isto que Ele quer: fazer-nos mais felizes, dar à nossa vida mais sabor com uma plenitude significado, tornar-nos mais intensos e abundantes em tudo aquilo de bom que possuímos dentro de nós. Tornar, mais viva e plenficante, aquela realidade que nos faz verdadeiramente mais felizes: o amor.

Pe. Pedro Moraes Brito Júnior

1 comentários :

Realmente só o amor nos faz Verdadeiramente felizes!!
Texto muito lindo!!!

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