As bodas de
Caná, que nos foram apresentadas no segundo domingo do tempo comum do ano c,
fazem-nos refletir sobre uma temática a mim muito cara: o tema da dimensão esponsal
na vida cristã. Tal realidade é presente na Sagrada Escritura tanto no Antigo,
como no Novo Testamento.
João apresenta
o primeiro milagre de Jesus numa festa de casamento. O episódio narrado pelo
evangelista conta-nos que Ele foi convidado pela família e com ele estavam sua
mãe e seus discípulos. É bonito ver Jesus que participa da vida do seu povo,
compartilha os momentos alegres, como o da celebração de um matrimônio, e os
momentos tristes também.
Esta presença
de Jesus numa festa de casamento foi interpretada pela Igreja, como uma
santificação da realidade matrimonial. Ele abençoa o amor humano e elevará a
comunhão de amor entre homem e mulher a dignidade de sacramento. Estes são,
deste modo, chamados a ser sinal do amor entre Cristo e a Igreja.
Contudo a
realidade matrimonial presente ali em Caná era símbolo de uma outra realidade:
a de Cristo esposo. É próprio desta forma que o evangelista deseja
apresentá-lo. Jesus é o novo esposo que quer estabelecer uma comunhão de amor,
uma nova aliança com o novo Israel que é a Igreja simbolizada por Maria e seus
discípulos.
Jesus quer
celebrar as núpcias com a Igreja, comigo, com cada um de nós. Quer fazer
comunhão conosco. Entender o relacionamento com Jesus desta forma faz com que a
nossa vida de fé, a nossa vida espiritual ganhem uma configuração diversa. Não
pode ser resposta fria ao Deus que nos interpela; não pode ser apenas ato da
razão. Deve antes de tudo, ser resposta que parte do coração, resposta de amor.
Já o livro do
Deuteronômio convida o povo a um relacionamento envolvente com Deus quando
assim se exprime: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a
tua alma e com todas as tuas forças” (6,5). A resposta de fé ao Senhor deve ser
dada no todo do nosso ser.
A visão
esponsal de Deus é, portanto, um convite a superar uma fé que, por vezes,
permanece somente na cabeça ou que tende a se limitar a afirmações dogmáticas,
mas não se exprime numa comunhão amorosa que envolve o mundo dos nossos afetos
e dos nossos sentimentos.
Reconhecer
Jesus esposo é afirmá-lo como nosso Amado, mas também reconhecer-se o amado ou
a amada d’Ele. Queremos nos sentir envolvidos no seu amor, bem como
envolver-nos completamente em nossa resposta de amor.
Jesus é o
esposo que quer oferecer-nos o vinho novo, que é mais abundante e saboroso. O
vinho é símbolo da alegria, da vida, das núpcias novas. Levemos as ânforas que
somos nós e deixemo-nos ser plenificados e transformados por Ele. É isto que
Ele quer: fazer-nos mais felizes, dar à nossa vida mais sabor com uma plenitude
significado, tornar-nos mais intensos e abundantes em tudo aquilo de bom que
possuímos dentro de nós. Tornar, mais viva e plenficante, aquela realidade que
nos faz verdadeiramente mais felizes: o amor.
Pe. Pedro Moraes Brito Júnior
1 comentários :
Realmente só o amor nos faz Verdadeiramente felizes!!
Texto muito lindo!!!
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