No documento sobre a Igreja, Lumen Gentium, do Concílio Vaticano II, aparece, no capítulo quinto, o tema da santidade. Tal escrito resultou de grande importância para a vida da Igreja, pois com ele, o concílio põe fim a uma concepção na qual a santidade ou perfeição resultava como uma realidade, que dizia respeito à hierarquia, aos religiosos, enquanto que aos leigos era exigido um mínimo necessário. A santidade, como afirma o texto conciliar, é uma vocação que diz respeito a todos os batizados.
O texto conciliar, após falar da santidade da Igreja, logo em seguida, faz a afirmação muito patente da santidade como vocação de todo o povo de Deus: “Por isso na Igreja todos, quer pertençam à Hierarquia, quer sejam por ela apascentados, são chamados à santidade, segundo as palavras do Apóstolo: ‘Pois esta é a vontade de Deus: vossa santificação’ (1Ts 4,3; cf. Ef 1,4)” (n. 39).
Trata-se, portanto, não de um chamado exclusivo e diversificado em graus, mas de uma única santidade à qual toda a Igreja é chamada e que se exprime multiformemente (cf. n. 41). Assim sendo, a comunidade eclesial é interpelada a exercer a corresponsabilidade no seu empenho de santificação, fazendo com que edificando-se mutuamente cada um produza frutos em Cristo . Esta vocação, a que todos são convidados, deriva da ação santificadora de Cristo pela sua Igreja (cf. n. 39). Ele A santificou e é para Ela o seu mestre e modelo (cf. n. 40). Sobre Ela enviou o Espírito Santo a fim de que, sob o seu impulso, manifestem-se os frutos da graça produzidos sob a sua ação nos fiéis (cf. n. 39) e se aperfeiçoe o dom recebido no batismo (cf. n. 40).
Esta santidade consiste sobretudo no aperfeiçoamento da caridade que, “como vínculo de perfeição e plenitude da lei (cf. Cl 3,14; Rm 13,10), rege, informa e conduz ao fim todos os meios de santificação” (n. 42). Favorece a sua perfeição a prática dos conselhos evangélicos (cf. n. 39) e o uso das forças recebidas segundo a medida da doação de Cristo (cf. n. 40).
A vocação à santidade comum a todos os fiéis deve ser vivida no empenho cotidiano de cada cristão. Não se trata, pois, de uma realidade que pressupõe uma alienação das coisas terrestres, mas que nelas se dá. Todos são chamados nas circunstâncias de sua vida, no dia-a-dia a se santificarem, aceitando com fé tudo que vem da mão do Pai e cooperando com a sua vontade, que é sempre vontade salvífica (cf. n. 41).
1 comentários :
Belíssimo texto, o tema perfeito para as reflexões em nossos dias atuais, me fez lembrar um pensamento de um grande santo a Igreja o qual sou devoto, "Santidade é coisa do cotidiano" (Dom Bosco).
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