
Nas cidades grandes, pode-se
vivenciar o que chamaria de “solidão paradoxal”. Trata-se da solidão que se
experimenta mesmo estando rodeado de pessoas. Sem dúvida, é muito triste
encontrar-se diante de olhos que não nos fitam, de ouvidos que se fazem surdos
à nossa voz e de bocas que permanecem fechadas, incapazes até de emitir uma
simples saudação como um bom dia ou boa noite!
É preciso ser contra cultural,
não deixando que essa forma de viver, encontre expressão no nosso modo de ser,
existir e fazer. Não podemos dizer como
Caim, ao ser perguntado por Deus pelo seu irmão Abel: “Não sei. Acaso sou
guarda de meu irmão? Esse modo de vida contradiz o valor da fraternidade
proposta por Jesus.
Em Cristo entendemos que somos
mais do que seres da mesma espécie. N’Ele nos tornamos filhos adotivos de Deus
nosso Pai e, por conseguinte, irmãos. A consciência dessa realidade não nos
pode fazer indiferentes aos outros e as suas situações. Somos, por isso,
responsáveis uns pelos outros enquanto membros da grande família humana
irmanada pelos laços da fé.
O próprio Cristo fez-se nosso
irmão tornando-se um conosco ao sumir a nossa natureza no seio virginal de
Maria. Ele é o irmão maior para quem orientamos o nosso viver. Mas esse Irmão
maior fez-se irmão menor ao se identificar com todos aqueles que se encontram
em situações desumanas; “tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes
de beber” (Mt 25,35).
Jesus na sua atividade
evangelizadora sempre buscou promover a pessoa humana, procurando resgatá-la
das situações que as desmereciam. Enviou os apóstolos em missão para serem
também promotores do evangelho da vida que busca plenificar integralmente a
pessoa.
A consciência de tudo isso deve
nos inquietar, fazendo-nos sair do comodismo proveniente de uma mentalidade não
cristã que entende a salvação como um ato individual, desligado das relações
com os outros. Somos também responsáveis, “guardas” da salvação do outro. Este,
na verdade, será sempre a via ordinária para chegar até Deus. Não é possível
uma vivência autêntica da fé cristã a mercê dos irmãos.
Por conseguinte, o que somos, o
que temos e o que fazemos deve ser perpassado por essa ética da alteridade, que
nos faz entender que o nosso viver não pode ser desconectado dos outros. Estes
não são um detalhe na nossa existência. A relação com eles e o bem que lhe
fazemos é a verdadeira expressão de que somos plenamente humanos e cristãos.
Pe. Pedro Moraes Brito Júnior
1 comentários :
Quando ha alguns anos atrás gui lecionar em uma escola de destrito,percebi exatamente isso.todas as pessoas se conheciam e se chamavam pelo nome.E todos os professores sabiam o nome de seus alunos ,diferente da cidade onde somos número.o tempo passou meus filhos estão adultos,e tb muitas vezes eu não sei onde eles estão,porque eles não dizem onde estão . que Deus nos conceda esta conexão. Importante.
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