terça-feira, 13 de janeiro de 2015

O extraordinário no ordinário

Com a festa do Batismo do Senhor, concluímos as celebrações natalícias e damos início ao tempo comum ou ordinário. Esse tempo litúrgico caracteriza-se pelo fato que somos chamados a contemplar a vida cotidiana de Jesus: o seu encontro com as pessoas, suas visitas às casas, as curas e os milagres, suas palavras e seus gestos.

O Batismo do Senhor significa o início da sua missão. Jesus, percorrendo os diversos lugares da Judeia, da Samaria e da Galileia, anuncia a vinda do Reino, convidando o povo à conversão e à acolhida da sua Boa-Nova de vida e salvação: “Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa-Nova” (Mc 1,15).

A celebração do Batismo de Jesus faz recordar o nosso Batismo. Momento no qual nascemos de novo na água e no Espírito. A partir dali nossa vida foi intimamente associada à vida de Jesus e nos tornamos um com Ele. Essa associação implica numa participação da vida profética, sacerdotal e real de Jesus. Tornamo-nos n’Ele profeta, sacerdote e rei.

O significado dessas três dimensões da nossa vida cristã tem implicações concretas na nossa vida cotidiana. Ser profeta é se auto-entender como portador da Boa-Nova de vida e salvação de Jesus. Mais que isso: é ser sinal, testemunha dessa mensagem que renova e que dá um sentido novo à vida. Essa dimensão batismal faz-nos pensar sobretudo na nossa relação com a Palavra de Deus e o testemunho que damos dela.

A dimensão sacerdotal implica em que todos os batizados são chamados a fazer oferta da sua vida como o próprio Cristo a fez na cruz. Estão unidos a Ele na sua ação redentora, isto é, na doação de si próprio para a salvação do mundo. Todo empenho e todo sacrifício vivido com amor e oferto a Deus, torna-se também redentor. Na celebração da Eucaristia, podemos viver, de modo especial, essa dimensão unindo os sacrifícios de nossa vida ao sacrifício de Cristo que celebramos.

A realeza, a qual nos conformamos no Batismo, não tem nada a ver com os reis das monarquias que até o presente momento ainda existem. A realeza batismal significa colocar-se a serviço do Reino de Deus, que foi a realidade que orientou a vida de Jesus. A disposição para servir implica em buscar conformar a vida com a virtude da caridade que deve ser a alma do nosso serviço aos irmãos.

Eis a extraordinária beleza do nosso ser cristão que nos é dada a partir do nosso Batismo. Recentemente, o Papa Francisco pediu aos católicos que recordassem a data do seu batismo, que o comemorassem, pois aí está o fundamento da nossa vida cristã. Esta extraordinária beleza batismal, somos chamados a vivê-la no ordinário de nossa vida. Nas ações simples e corriqueiras de cada dia, no comum de nosso viver. O santo não se caracteriza por fazer o extraordinário, mas por tornar o ordinário o seu extraordinário. Eis o segredo da santidade, a qual pelo batismo, somos chamados a viver.


Pe. Pedro Moraes Brito Junior

0 comentários :

Postar um comentário