Com a festa do Batismo do Senhor,
concluímos as celebrações natalícias e damos início ao tempo comum ou ordinário.
Esse tempo litúrgico caracteriza-se pelo fato que somos chamados a contemplar a
vida cotidiana de Jesus: o seu encontro com as pessoas, suas visitas às casas,
as curas e os milagres, suas palavras e seus gestos.
O Batismo do Senhor significa o início
da sua missão. Jesus, percorrendo os diversos lugares da Judeia, da Samaria e
da Galileia, anuncia a vinda do Reino, convidando o povo à conversão e à
acolhida da sua Boa-Nova de vida e salvação: “Completou-se o tempo, e o Reino
de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa-Nova” (Mc 1,15).
A celebração do Batismo de Jesus faz
recordar o nosso Batismo. Momento no qual nascemos de novo na água e no
Espírito. A partir dali nossa vida foi intimamente associada à vida de Jesus e
nos tornamos um com Ele. Essa associação implica numa participação da vida
profética, sacerdotal e real de Jesus. Tornamo-nos n’Ele profeta, sacerdote e
rei.
O significado dessas três dimensões da
nossa vida cristã tem implicações concretas na nossa vida cotidiana. Ser
profeta é se auto-entender como portador da Boa-Nova de vida e salvação de
Jesus. Mais que isso: é ser sinal, testemunha dessa mensagem que renova e que
dá um sentido novo à vida. Essa dimensão batismal faz-nos pensar sobretudo na nossa relação com a Palavra de Deus e o testemunho
que damos dela.
A dimensão sacerdotal implica em que
todos os batizados são chamados a fazer oferta da sua vida como o próprio
Cristo a fez na cruz. Estão unidos a Ele na sua ação redentora, isto é, na
doação de si próprio para a salvação do mundo. Todo empenho e todo sacrifício
vivido com amor e oferto a Deus, torna-se também redentor. Na celebração da
Eucaristia, podemos viver, de modo especial, essa dimensão unindo os
sacrifícios de nossa vida ao sacrifício de Cristo que celebramos.
A realeza, a qual nos conformamos no Batismo,
não tem nada a ver com os reis das monarquias que até o presente momento ainda
existem. A realeza batismal significa colocar-se a serviço do Reino de Deus,
que foi a realidade que orientou a vida de Jesus. A disposição para servir
implica em buscar conformar a vida com a virtude da caridade que deve ser a
alma do nosso serviço aos irmãos.
Eis a extraordinária beleza do nosso ser
cristão que nos é dada a partir do nosso Batismo. Recentemente, o Papa
Francisco pediu aos católicos que recordassem a data do seu batismo, que o
comemorassem, pois aí está o fundamento da nossa vida cristã. Esta
extraordinária beleza batismal, somos chamados a vivê-la no ordinário de nossa
vida. Nas ações simples e corriqueiras de cada dia, no comum de nosso viver. O
santo não se caracteriza por fazer o extraordinário, mas por tornar o ordinário
o seu extraordinário. Eis o segredo da santidade, a qual pelo batismo, somos
chamados a viver.
Pe.
Pedro Moraes Brito Junior
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