A festa da Exaltação da Santa
Cruz faz-nos voltar o olhar e o coração para este santo lenho do qual pendeu a
salvação do mundo, assim canta a liturgia. Nesta, a cruz ocupa um lugar
especial. Não somente é obrigatória a sua colocação no ambiente litúrgico, bem
como as nossas celebrações iniciam-se com este santo sinal que nos recorda o
dom da nossa salvação merecida por Jesus Cristo.
A cruz é um dos sinais mais belos
da fé cristã. Sua beleza provém naturalmente daquele que sobre ela permaneceu.
Jesus lhe ofereceu um significado novo, transformando-a de sinal de maldição
para sinal de bênção no qual o Pai é glorificado porque o demônio é derrotado,
a morte é vencida e é dada à humanidade a possibilidade de um caminho novo.
Antes de falar propriamente de
dor, a cruz no fala de amor. Que se dá sem limites, e para o qual não há
fronteiras. Sua medida é não ter medidas. Ser seguidor do homem da cruz,
abraça-la, não é ser amante da dor e do sofrimento, mas de um estilo de vida
que se caracteriza pela busca da grandeza de alma e de coração que se exprime
no amor.
Sim, a cruz é o caminho dos que
entendem que o amor é a verdadeira fonte de felicidade e que só através dele
podemos nos redimir, amando-nos por primeiro e redimir a humanidade, compartilhando
o amor. Abraçar a cruz é, sobretudo, querer fazer da vida um dom de amor.
Os seguidores do Homem da cruz são pessoas que
entendem que precisam abrir os braços do coração e a todos acolher sem
distinção. A cruz é, assim, profundamente interpeladora: questiona nossos
preconceitos, racismos, barrismos, nosso modo seletivo de viver, que por vezes
marginaliza e faz olhar com indiferença o outro.
A cruz nos convida, de fato, a
olhar para o alto e sair de um modo rasteiro de caminhar, que se caracteriza por
viver “na média”, não indo além do necessário ou do exigido. A dinâmica do
palmilhar na estrada da vida que a cruz nos indica é de uma busca constante de
superação de si, não deixando nunca que o mal triunfe em nossos corações. Este
nos vence quando dizemos não ao amor.
Podemos ser vítimas do mal que
existe ao nosso redor e nosso coração ser ferido pelo veneno da maldade. Como
os hebreus peregrinos do deserto, que voltaram o seu olhar para aquela cruz de
bronze construída por Moisés, a mando do Senhor, queremos volver o nosso olhar
sobre o lenho da cruz, suplicando de Jesus a cura e libertação do nosso coração
chagado.
A cruz é apelo a viver o perdão,
pois nela fomos reconciliados com Deus que nos perdoou em Cristo. Dar o perdão
é não deixar o mal reinar sobre nós. É viver à luz da gratuidade, deixando o
caminho sempre aberto para o recomeço. Fitando nosso olhar no Crucificado,
queremos ser irradiados pelo o seu amor sem fim e encontrar a força para nunca
fechar a porta do coração, negando o perdão a quem cruzar o nosso caminho. Viver no perdão é trilhar o caminho de quem
abraça a cruz.
Pe. Pedro Júnior
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